A solidão que aproxima de Deus

O ser humano, por natureza, deseja sentir-se amado e querido por aqueles ao seu redor. Quando isso não acontece da forma esperada, é comum nos sentirmos sozinhos, quase abandonados, mesmo sabendo que Deus jamais nos deixa. No entanto, ao longo da histórias, muitos santos enxergavam a solidão de maneira diferente: não como um vazio, mas como um caminho para a santificação, a purificação e a oração.

Na perspectiva cristã, a solidão não significa estar desamparado, mas sim estar a sós com Deus. Esse tempo de recolhimento pode ser uma grande oportunidade para a oração e a reflexão. Ainda assim, nossa alma, muitas vezes inquieta, anseia por companhia, por amizades, por abraços e por momentos de partilha.

“Quem deseja a Deus não pode achar consolo na companhia de criatura alguma. Pelo contrário, tudo lhe causa grande solidão enquanto não encontra seu Amado.” — São João da Cruz

Essa afirmação nos leva a refletir sobre a tendência humana de buscar felicidade plena em outras pessoas, esquecendo que somente Deus pode preencher verdadeiramente o coração. Quantas vezes tentamos nos encaixar em grupos que, no fundo, não nos edificam? No final, percebemos que essas conexões passageiras não nos completam, mas apenas aumentam a sensação de vazio.

Isso não significa que sejamos melhores ou mais santos do que os outros — todos estamos sujeitos a falhas. Mas é preciso prudência para reconhecer ambientes e companhias que podem nos afastar de Deus. Se temos consciência de que algo pode nos levar ao erro, por que nos arriscar?

“Andando com maus companheiros, vocês acabam se perdendo, pondo em risco a própria salvação.” — São João Bosco

Os santos nos ensinam a encontrar valor em nossa dignidade como filhos de Deus. Não devemos nos prender a laços que nos afastam da verdadeira liberdade, que é viver na presença do Criador. Acima de tudo, devemos guardar nosso coração para que nada ocupe o lugar que pertence somente a Deus.